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OPINIÃO: Nossa rainha do futebol

Considerada a maior futebolista de todos os tempos, Marta da Silva é eleita, pela sexta vez, como a melhor jogadora do mundo. Não é pouco para uma mulher que joga no país onde o futebol masculino é muito valorizado e o feminino deixa a desejar. Além de ser eleita pela Fifa cinco vezes consecutivas, a soberana do planeta nesse setor, entre os anos de 2006 e 2010, foi Bola de Ouro em 2004 e em 2007 foi Bola de Ouro e Chuteira de Ouro.

Aos 32 anos, natural de Dois Riachos, município do interior de Alagoas, segue trazendo alegrias para o Brasil no campo do esporte. De família humilde, abandonada pelo pai quando tinha apenas um ano e criada pela mãe junto dos seus três irmãos, se diz muito atenta à família e jura que quando se aposentar retornará ao seu local de origem, pois é onde se sente uma verdadeira majestade. Vale salientar que é a atleta que mais vezes ganhou o troféu, podendo receber o título de rainha por um país inteiro. Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, por exemplo, conseguiram essa proeza cinco vezes. Esse prêmio foi criado pela Fifa no ano de 1991. Desde então, alguns brasileiros se destacaram: Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997, 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho (2004, 2005), Kaká (2007).

Todos esses em primeiro lugar nos anos citados. Neymar conseguiu um modesto terceiro lugar no ano de 2017. Realmente emocionante ver uma brasileira ter esse reconhecimento. Em um país no qual as pesquisas apontam que as mulheres estudam mais e ganham menos é de se espantar que ela, saindo de um local que não oferecia tantas oportunidades, seja destaque no mundo inteiro. Interessante pensar que ainda não circulou sequer um álbum da Copa feminina. Certamente seria uma inspiração para as meninas perceberem que podemos tudo o que sonharmos. Não há investimento, divulgação ou apoio para colocar homens e mulheres no mesmo patamar também no espaço da bola. Em uma entrevista, nossa rainha falou de uma das diferenças entre homens e mulheres no futebol: "no masculino, os jogadores se casam e levam a família toda para onde forem. Isso é bem mais difícil para as jogadoras. Se querem casar, elas têm de sair de campo". Quem não conhece uma mulher que tenha enfrentado algum nível de desigualdade em distintos ambientes? Aquelas que precisaram dar um tempo nos estudos, no trabalho ou outro projeto de vida em função, por exemplo, dos filhos?

Carreiras interrompidas pela cultura de que os homens não precisam dividir essa responsabilidade, ficando livres para crescerem profissionalmente. Em um tempo que muitas mulheres criam/ sustentam seus filhos sozinhas, já não era hora de pensarmos em políticas que valorizassem mais as questões relacionadas ao feminino? Estamos em época de eleição. Reflita: o seu candidato ou candidata reconhece a relevância das mulheres? Ou você está votando baseado em sintomas de ódio e cegueira? Muito cuidado com o que desejamos ao nosso país. Sua decisão pode afetar inúmeras pessoas (inclusive da sua família). Estude o currículo do(a) seu(sua) candidato(a) e veja suas propostas antes de tomar a decisão final. Assim, quem sabe, poderemos assistir muitas rainhas brasileiras, nas mais variadas áreas, brilhando mundo afora.

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